PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
MARCO REFERENCIAL
Em linhas gerais, podemos fazer uso de
diferentes termos/expressões para identificarmos as distintas fases do processo
de elaboração, implementação e avaliação de um projeto político-pedagógico.
Recorrendo aos autores Ilma Passos Veiga (1996, Danilo Gandin (1991) e Celso
Vasconcellos (2000) percebemos três etapas constituintes: o Marco Referencial,
composto pelo Marco Situacional, Marco Conceitual e Marco Operativo;
o Diagnóstico e a Programação ou Plano de Metas.
O Marco
Referencial é o que a escola planeja com relação à sua própria identidade.
Como a escola costuma ver o mundo, quais seus valores, objetivos, compromissos.
Visto que a partir deste, seguirá uma direção a qual escolheu baseado na
ciência, no que acredita no que será melhor para todos. Assim se definindo de
referências teóricas, políticas, filosóficas que delimitará o trabalho da
escola, explicitando as ideias, para uma prática educativa eficaz. Para que
isso seja possível, é necessário compreender as relações existentes entre a
escola e a realidade em que está inserida, uma realidade não somente local, mas
nacional e mundial.
Nesse momento começa o projeto, assim sendo são expostos
pelo grupo suas opiniões sobre qual a importância da escola para colaborar com
o desenvolvimento da sociedade local e global. Como o tema educação, ensino e
desenvolvimento humano, do ponto de vista pedagógico e político é muito
abrangente, deve ser esperado o aparecimento de uma crise de identidade da
escola, revelada pela discussão entre os participantes a respeito do que deve
ser feito, do que querem fazer, do que é possível ser feito dentro das
condições atuais, dentro destas condições o que o grupo assume fazer e se esse
compromisso representará o melhor diante dos anseios coletivos.
É muito importante para o progresso sucessivo do projeto
que a discussão promova o desenvolvimento do grupo, dentro do conceito de
construção do conhecimento, isso só é possível se for feito de forma
democrática, envolvendo todos os esforços possíveis que sensibilizem e motivem
mais participação com comprometimento.
Como esta equipe é representada por diferentes grupos,
que em geral são de: alunos, pais, corpo administrativo da escola, líderes
comunitários, políticos, gestores e professores, cada um deverá expressar sua
própria forma de ver e sentir, com muito a aprender e muito a contribuir. Mas,
normalmente, nesse ambiente existem barreiras, preconceitos e limites a serem
superadas, essas diferenças na realidade deve ser encarado de forma positiva, o
que é possível se houver equilíbrio entre os pontos de vista teóricos e
práticos, pedagógicos e político, percebendo e valorizando claramente a
diversidade cultural, intelectual e todas as qualidades que levam a humanização
e ao bem estar social. Esta questão foi muito bem descrita nas palavras de
Vasconcellos (2012, p.182): REVISTA EDUCAÇÃO E LINGUAGEM Revista Educação e
Linguagem – Eletrônica, Vol. 6 – n.1 – p.29-46/dez-2012 38
O Marco Referencial nasce como busca de resposta a um
forte questionamento que nos colocamos: em que medida enquanto escola
democrática, na América Latina podemos efetivamente colaborar para a construção
do homem novo e da nova sociedade? São tantas as contradições da realidade e da
própria escola... O que fundamenta o nosso querer enquanto escola? Constatamos
que, diante destes questionamentos, muitas escolas, por não encontrarem sentido
para a própria existência, acabaram perdendo toda força e capacidade de
aglutinação, o que não surpreende, visto que ninguém consegue viver sem um
sentido maior que sustente a dura luta. No Marco Referencial procuramos
expressar o sentido do nosso trabalho e as grandes perspectivas para a
caminhada (grifo do autor).
Devemos considerar este trabalho em três grandes partes: Marco Situacional, Marco Conceitual ou Doutrinal
e Marco Operativo, que depois darão as condições necessárias para a
realização do Diagnóstico.
Marco Situacional
é a primeira fase, aqui chegamos a um acordo sobre onde estamos e como estamos,
mas, com uma visão geral, ainda não está sendo levada em conta a condição em
que se encontra a instituição.
Para Gandin (2004, p.17):
Marco situacional questiona onde estamos. Como vemos e
percebemos a realidade global do mundo em que vivemos. É o modo de como nós
estamos entendendo a realidade existente. Como é que este povo que está aqui
entende essa sociedade? O que ela tem de bom? O que ela tem de ruim? Para que
isso? Para que, compreendendo melhor esta realidade, se possa retirar dela os
grandes desafios que se apresentam e, a partir deles, se alcance dar sentido ao
ponto seguinte que é o Marco Político ou Filosófico.
Ao se fazer considerações a respeito da realidade,
tendemos apontar apenas os aspectos negativos por estarem mais visíveis, no
entanto, é preciso estar atendo aos aspectos positivos que podem nos apontar
caminhos e fortalecer o potencial já existente que muito contribuirão para os
objetivos almejados. No marco situacional o debate busca fazer com que as
pessoas da instituição não olhem somente para a realidade da instituição em que
estão inseridos, mas deve despertar o questionamento sobre a realidade e
importância da educação em seu contexto mais amplo, global e geral, com isso
terá uma visão mais rica a compor o entendimento que o ajudará a dar o passo
seguinte com mais força, que é a elaboração do marco filosófico.
(...)
O marco referencial segue uma metodologia que se aplica
não só a ele, mas a todas as partes do projeto político pedagógico, sendo três
dinâmicas:
1ª. Elaboração Individual: é neste momento que haverá um
posicionamento pessoal dos participantes; deve existir muita dedicação e
empenho por parte de todos, pois este é à base de todo o restante do trabalho.
A melhoria da instituição dependerá da contribuição de todos os envolvidos;
2ª. Trabalho de Grupo: neste momento as ideias expressas
individualmente serão sistematizadas, com uma redação de início para agrupar as
ideias, algo técnico, como construir um texto. O resultado disso vai ser a
fidelidade às ideias de origem, garantindo a uma ideia básica;
3ª. Plenário: é neste momento que haverá uma repartição
dos trabalhos, do debate, das decisões e dos encaminhamentos. Inicialmente com
uma explicitação do texto feito anteriormente, analisando três aspectos básicos
como cita Vasconcellos (2000, p.187):
1°. Fidelidade: cada um se reconhece no texto? Alguma
ideia, que considera significativa, foi colocada no papel, e não foi
contemplada? Todos devem reconhecer, de alguma forma, sua resposta na síntese;
isto e fundamental! 2º. Técnico: este é um texto coerente para tal parte do
Projeto (Marco Referencial, Diagnóstico ou Programação, de acordo com o momento
respectivo da elaboração)? 3º. Conteúdo: é isto que desejamos para nossa
escola? Estamos de acordo com as ideias expressas no texto?
Para se chegar a uma conclusão do plenário, é necessário
evitar discussões muito longas, mas se for necessário aprofundar as discussões
nos grupos menores. Ao elaborar o Projeto, acontecerá formações de opiniões,
conflitos e contradições. Deve tomar um cuidado ao ter pouco tempo, ou apenas
cumprir com as etapas, fazer junção das respostas para a redação e correr o
risco de errar, não enfatizando o que é essencial. Explorar as contradições,
fazendo algo positivo para se chegar a uma conclusão.
REVISTA EDUCAÇÃO E
LINGUAGEM Barbosa, et al. – Projeto Político Pedagógico, BARBOSA, Bruna
MEDEIROS, Cleide SILVA, Claudilayne FIGUEIREDO, Lilia4
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