O que é
educação integral?
Podemos
definir o conceito de educação integral a partir de um dito*
que diz que “para educar uma criança, é preciso uma aldeia inteira.”
Para educar um
indivíduo é preciso envolver e articular diversos outros indivíduos, tempos e
espaços. Afinal, somos todos sujeitos completos, totais, com as mais diversas
características, necessidades e possibilidades de aprendizagem ao longo da
vida.
Compreende-se,
então, que:
- A educação é
por definição integral na medida em que deve atender a
todas as dimensões do desenvolvimento humano e se dá como processo ao longo de
toda a vida. Assim, educação integral não é uma modalidade de
educação, mas sua própria definição;
- Espaços,
dinâmicas e sujeitos são objeto de aprendizagem e também seu fim, o sentido
próprio para o qual converge a construção de qualquer conhecimento. Assim, mais
do que um conjunto de espaços a cidade é compreendida como território
educativo e o binômio escola-comunidade é sua síntese.
Nessa
perspectiva, todos – escola, família, comunidade e
a própria cidade –, são educadores e
aprendizes de um mesmo e colaborativo processo de aprendizagem.
O conceito
da educação integral dialoga diretamente com a proposta
de cidades
educadoras, proposta em que territórios –
urbanos ou rurais – têm sua gestão inteiramente voltada para garantir o desenvolvimento
integral de seus habitantes. Para tanto, uma Cidade Educadora desvela
talentos e investe nos potenciais de suas comunidades com foco
em uma ação educativa permanente e que responda a todos. O conceito, que surgiu
na década de 90 em Barcelona e hoje é disseminado por meio da Associação Internacional de Cidades Educadoras
(AICE), dispõe que uma cidade para ser educadora conjuga seus órgãos
oficiais e não oficiais em um projeto político democrático em benefício de
todos que nela convivem. Hoje existem cerca de 500 cidades associadas ao conceito
e 14 delas estão no Brasil.
Fundamentalmente,
a educação integral reconhece oportunidades educativas que vão
além dos conteúdos compartimentados do currículo tradicional e compreende a
vida como um grande percurso de aprendizado e reconhece a própria como uma
grande, permanente e fluída escola.
Movimento
Social e Política Pública
Segundo o
educador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Miguel Arroyo, a
construção de ações, programas e políticas públicas com base na educação
integral veio das demandas dos movimentos sociais. A partir da década
de 90, com a publicação do Estatuto
da Criança e do Adolescente (1997) e da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (1996), o Brasil passou a compreender no seu desenho e modelagem
de ações, programas e políticas, a educação integral como
resposta às muitas vulnerabilidades das crianças e adolescentes e ao
aprimoramento contínuo da qualidade da aprendizagem.
Movimentos dos
mais diversos – de mães, de lutas pelas terras, pelo aumento de vagas em
creches, pelo meio ambiente -, ao longo dos anos, levantaram questões que
exigiam uma resposta complexa para o papel da educação. Para além da vulnerabilidade
social, os movimentos discutiam e ainda discutem questões como reorganização
curricular, não fragmentação dos tempos, espaços e campos de saber, autonomia
dos educandos na construção de seus próprios percursos de aprendizagem, professores como
mediadores do conhecimento e articulação
comunitária e participação das famílias na gestão e
operacionalização das instituições de ensino.
Fonte:
http://educacaointegral.org.br/conceito/